quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Decifrando rituais



Barra do Ceará, sol brabo, domingo de praia. chegamos ao pólo de lazer. o cenário lembra uma comemoração. ônibus e topics param e vemos descer pessoas em grupos, caravanas. combinação de praia e cachaça. bares e restaurantes à beira-mar, música alta, apinhados de gente exalando cheiro de sol e bronzeador. o peixe frito espirra óleo. algumas moças espalham uma pasta branca sobre a pele, o banho de sol sobre o banho de lua, funciona como um acelerador solar. pessoas mergulham na água, crianças brincam, sujas de água e areia, a milanesa, pequenas embarcações transitam com passageiros. depois de uma hora de flânerie numa mesa debaixo de um pé de castanhola, duas águas de côco, e alguns churrascos de carne de terceira, seguimos o percurso. uma duna invade o asfalto. do alto da duna explorada, a paisagem: mais longe, a praia das Goibeiras, o olhar alcança as águas sob a arquitetura da ponte que separa Fortaleza de Icaraí, esse o espetáculo do encontro do rio Ceará com o Atlântico, e do encontro dos banhistas, em hora de lazer. voltamos à pista da avenida principal. agora, de costas para o mar, desvendamos os lugares de moradia do povo dali, casas, barracos. uma partida de futebol dos meninos na rua foi interrompida para o carro passar. seguimos um beco e logo de volta à avenida, clicamos as fachadas dos motéis baratos da barra. entre vários, motel luki, motel 3 ♥♥♥, the best motel, ka samba motel, dunas motel – o prazer pertinho do mar, seu slogan. o preço, afixado no muro: pernoite R$ 15,00, permanência R$ 6,00. outro ingrediente move aquela gente, e de resto, o resto da humanidade, o sexo. Ah... o domingo feito de praia, cachaça e sexo, o código do povo alegre dessa orelha do mundo, aonde proliferam os ritos sensuais e a espécie humana.

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