não se descobrem novos oceanos se não se tiver coragem de perder a terra de vista. (andré gide)
domingo, 25 de março de 2007
Confissão
quarta-feira, 21 de março de 2007
Babel
Com essa narrativa Alejandro González Iñárritu vem criando sua filmografia, desde Amores Brutos, 21 Gramas e recentemente em Babel.
O filme começa no Marrocos, um pobre criador de cabras dá a seus filhos uma arma para espantar os chacais do seu rebanho. Porém, o estrago de um disparo será o ponto de ligação das histórias. Ali, uma mulher americana, em excussão com seu marido, é atingida pelo tiro; os filhos do casal, sob os cuidados de uma babá mexicana, vivem uma situação-limite entre a fronteira de Los Angeles e Tijuana; em Tóquio, os dilemas de uma garota surda-muda e órfã de mãe, que vive com o pai, o homem que deu de presente a arma ao pastor marroquino.
O episódio do Japão fica meio à parte, trata-se de um filme que se desprega dos outros: maior densidade para os conflitos de uma adolescente japonesa que se comunica com o mundo a partir de aparelhos de última geração, mas que têm em sua deficiência física e relação com o pai os impedimentos de sua liberdade sexual. Uma história que não segue o fio dramático das outras, ligando-se a elas de modo forçado.
Talvez o diretor busque em Babel nos sensibilizar para a idéia de unificação fraterna entre os povos, o respeito às diferenças, expondo que esta fraternidade universal está condenada pelo egoísmo dos americanos, intolerância dos franceses, miséria marroquina, subserviência mexicana, ou solidão dos japoneses, inscritas no filme, mas também comuns a diversos povos espalhados em lugares inóspitos ou super populosos do mundo. Sem pretender estigmatizar, essencialmente o filme aponta ser esse o sentido das (des) conexões de um mundo em descontrole. Tema que pode render muitos filmes ou conversas. A direção e fotografias são maravilhosas - as imagens no Japão, impagáveis! - fazem bailar qualquer apreciador da sétima arte.
Babel, EUA, 2006, 142 min. Drama. Dir. Alejandro Gonzáles Iñárritu.
sexta-feira, 16 de março de 2007
Mar
só para mais te embelezarem.
Sim, é em ti, mar, que me procuro,
na profundeza da tua seda que me encontro.
É no agitar de tuas marés,
às vezes calmas,
às vezes revoltadas,
como o coração humano,
que busco a força
para continuar,
em pé,
nas ondas de uma vida.
É com o sabor de teu sal,
que recordo as lágrimas
às vezes felizes
às vezes de dor,
mas sempre de um povo
que te honra e venera.
É por ti que amo
e será sempre por ti que voltarei a amar.
Tal como um dia o disse, escreveu, sentiu
a Poetisa, será por ti que volto.
"Quando morrer voltarei para buscar
os instantes que não passei ao pé do mar."
Poema de Titá
sábado, 10 de março de 2007
Jean Baudrillard
O filósofo, sociólogo e crítico da cultura francês, Jean Baudrillard, 77 anos, morreu no dia 7 de março, em Paris. Baudrillard iniciou sua carreira traduzindo Karl Marx, Bertold Brecht e Peter Weiss. Ficou conhecido mundialmente por sua crítica à sociedade de consumo, e por sua filosofia fundamentada no conceito de virtualidade do mundo aparente - teorias do simulacro e hiper-realidade.
Para Baudrillard a realidade é um simulacro, uma criação espetacular dos meios tecnológicos de comunicação. O simulacro não oculta a verdade, ele é a verdade. O espetáculo é crucial para criarmos visões do mundo. A autenticidade das coisas mundanas é crescentemente substituída pela cópia, pela reprodução, pela simulação. Assim, o mundo se define por um processo de desmaterialização do real. O homem moderno, extasiado, desvincula-se, crescentemente da natureza e de seu meio social, e dirige seu olhar às mensagens midiáticas que, excessivas, dificultam a busca de sentido.
Tornou-se célebre por suas polêmicas, sobre a arte - a arte contemporânea é uma nulidade; a Guerra do Golfo - a guerra não aconteceu, ela foi uma simulação da TV. Ou também, sobre os ataques de 11 de setembro – uma mescla de hiper-realidade, simbolismos e fantasias tenebrosas, resultado de nossos desejos: “o terrorismo é imoral e responde a uma globalização que também é imoral.” Sua crítica, corajosa e lúcida, nos faz pensar sobre as inúmeras máscaras da sociedade contemporânea.
Celso Oliveira
As imagens de Celso, visceralidade poética, múltipla e humana, nos faz percorrer a religiosidade e cultura popular, praias, sertões nordestino e outras incursões visuais pelo mundo afora...
Visitações de terça a domingo: Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. Mais informações, (85) 3488.8611 .