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Sofia Coppola, em
Maria Antonieta, atesta que podemos, e devemos, quebrar imagens. A diretora abandona o contexto político do século XVIII e a versão da história oficial que vê na rainha a faísca que causou a Revolução Francesa e prefere falar da vida de uma jovem, aprisionada na corte que, em sua condição de adolescente, segue descobrindo a vida, vislumbrado a liberdade da alma. Uma jovem com todas as determinações de sua época, que assume o papel de mulher, mãe, e carrega, ao mesmo tempo, missão, culpa, tristeza, frivolidade e poesia comuns à corte de Maria Antonieta, mas também banal a qualquer época. Essencialmente, rompe com a imagem, comum à filmografia da história da revolução francesa, de uma corte apenas cheia de perversidade. A trilha sonora, pérolas da angústia juvenil dos anos 70, 80, e 90, nos faz viajar nos contrastes dos tempos, e saber que estamos, sim, diante de uma livre leitura da história e seus personagens. Um recorte possível e ousado, destituído de suas versões em linha reta ou biografia autorizada, essa história da rainha soma-se às narrativas visuais contemporâneas, clipada, sem pudor e pretensões e nos faz sorrir e cantar.
Marie Antoniette: Estados Unidos/Japão/França, 2006
Roteiro e Direção: Sofia Coppola.