quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Un pacto

Un pacto para vivir,
odiandonos sol a sol,
revolviendo mas
en los restos de un amor
con un camino recto,
a la desesperación.
Desenlacé en un cuento de terror.

Seis años así
escapando a un mismo lugar
con mi fantasía,
buscando otro cuerpo,
otra voz
fui consumiendo infiernos,
para salir de vos,
intoxicado, loco y sin humor.

Si hoy te tuviera aquí,
cuando hago esta canción,
me sentiría raro,
no tengo sueño,
mi panza vibra,
tuve un golpe energético,
milagro y resurrección
y eso que estaba tieso,
bajo control.

El poder siempre mata,
si para tenerte aqui
habría que maltratarte
no puedo hacerlo
sos mi Dios
te veo me sonrojo y tiemblo
que idiota te hace el amor,
y hoy quiero darle rienda,
a esta superstición
un pacto para vivir.

Letra da canção "Un pacto" do disco "De la cabeza con Bersuit" de Bersuit Vergarabat


domingo, 7 de dezembro de 2008

narrativa ordinária



enquanto faço planos para um céu azul um convite à praia cedo você escuta e cantarola uma música triste também faço planos pra outros dias longos dias de outono com o por de sol às nove da noite em outro hemisfério dar voltas no quarteirão a pé parar numa banca de revistas na floricultura comprar tulipas amarelas as mais belas é certo oportuno agora é ouvir outra música ou outra voz cantarolar tomar um chá de melissa olhar paisagens desconhecidas através de janelas verdes inverter a ordem das coisas e nada será mais como antes sentir frio na barriga e inquietude antes de partir que raro que sejas tu quem me acompanha soledad a mim que nunca soube bem como estar só o refrão da música se repete na memória enquanto escrevo este plano em linha reta a espera do sono antes que testemunhe mais uma de tuas mil e uma noites mal dormidas em leituras atentas silencioso em companhia de cúmplices fiéis latidos de cachorros portas rangendo chuva no telhado freio de ônibus vozes anônimas risos incontidos e inesperados café cozinhando pássaros cantando e logo o amanhecer vem anunciar o vazio sobre a cabeça e teus pés atravessando o dia como estranho mesmo comprando na farmácia um elixir para dar um certo brilho no olho encarar a rotina ordinária com as pupilas dilatadas de sono e confortar a alma imaginando como tchecov que a vida ainda será surpreendentemente bela.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

festa

still do curta festa

A SHORT FILM

It was not meant to hurt.
It had been made for happy remembering
By people who were still too young
To have learned about memory.

Now it is a dangerous weapon, a time-bomb,
Which is a kind of body-bomb, long-term, too.
Only film, a few frames of you skipping, a few seconds,
You aged about ten there, skipping and still skipping.

Not very clear grey, made out of mist and smudge,
This thing has a fine fuse, less a fuse
Than a wavelenght attuned, an electronic detonator
To what lies in your grave inside us.

And how that explosion would hurt
Is not just an idea of horror but a flash of fine sweat
Over the skin-surface, a brace of nerves
For something that has already happened.


(Letters of Ted Hughes)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

barra do ceará



barraca de praia, fotografia do curta Festa, de Simone Lima - 2008.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A invenção do amor




em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas
janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios
de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da
nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor
em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia

um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversas
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo
da monotonia quotidiana

um homem e uma mulher que tinham olhos e coração
e fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
apenas o silêncio
a descoberta
a estranheza de um sorriso natural e inesperado

não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo

um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
a rádio já falou
a tv anuncia iminente a captura
a polícia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo

é preciso encontrá-los antes que seja tarde
antes que o exemplo frutifique
antes que a invenção do amor se processe em cadeia

há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos
(...)



Daniel Filipe
in A invenção do amor e outros poemas
Lisboa, Presença, 1972.

.
.
.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Carnaval




*
*
*
hoje vi passar a festa do carnaval, a folia de rua nas vilas da orla, os blocos de cidades do sertão, o frevo e o maracatu de avenidas. imagens que emergiam e escapavam na estrada, numa tarde de nuvens dispersas, céu claro. outro tempo de festa também varria o retrovisor, feito de acordar com neblina e aroma de flores que enchem a paisagem e fazem dançar os sentidos. hoje, uma saudade intempestiva abrasou minha alma e o resto do dia.