domingo, 21 de janeiro de 2007

37 graus


ilustração by Sebastián Santana


uma crise virtual se apodera aqui ao som de Ali Dragon em meu computador. sabe um desses momentos paralisados buscando um ponto fixo para olhar? sabe aquela frase que é um filme de Spike Lee: "faça a coisa certa"? então, sem pessimismo ou temor, assumir as mudanças que se fazem necessárias. mesmo que a trama mental não permita ir além de divagações baratas nesse domingo de intenso calor, acalmado apenas por uma cerveja gelada... a verdade é que tenho os olhos cansados dessa tela. sei que há algo melhor que fazer, além dessas escrituras em código binário. uma outra liberdade, que faz falta nessa distância impessoal... o certo é que esse blog agoniza por falta de identidade. ele é amorfo, caótico. consciente disso, revelo a intenção de exercer meu micropoder (ah! Foucault!) de destruição... estancar sua inutilidade - em meio a tantas outras que suporta a grande rede mundial de computadores. um blog que soma-se aqueles de humor barato, ou de literatura de quinta. intenções de transgressões desqualificadas. atos semi-públicos. revelações privadas. fácil produto doméstico. contracultura anticultural. frivolidades intelectuais. reflexões sem esforço. estranho hobbie de busca da felicidade. enfim, compartilhar, como perfeitos católicos romanos, história e confidências. sim, somos livres consumistas de vícios insanos... reconheço que hoje foi uma tarde bacana, reconfortante, mesmo com o sol ardendo a quase 37 graus. mas há algo melhor a fazer... os fatos, as ações mais simples tem outras cores, outros nomes... o mundo se agita, melhor seguir esse pulsar, começando desde o movimento ordinário de uma rua.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Pela Mídia

jack nicholson em o iluminado, de stanley kubrick.
filme odiado por stephen king , mas um cult movie.



STEPHEN KING


O caderno Mais! (Folha de São Paulo) traduziu da “Paris Review” uma interessante entrevista com Stephen King.
O escritor fala quais suas influências literárias: a ficção popular, como as HQs, o cinema e a vida cotidiana da classe média americana. Com mais de trinta adaptações de seus livros ao cinema e roteirizados para a telinha, King, mesmo que ignorado pelos que desprezam o terror como gênero literário, é um escritor respeitado em seu país. No cinema, suas referências principais são os filmes Carrie, a estranha (direção Brian de Palma), e O Iluminado (direção Stanley Kubrick). Sobre O Iluminado, King diz ter odiado a adaptação fria de Kubrick. E sobre o medo, ingrediente básico da literatura de terror, King dá sua fórmula:
“Acho que não há nada de que eu não tenha medo, em algum nível. Mas do que nós, como humanos, temos medo? Do caos. Do "outsider". Temos medo das mudanças. Temos medo daquilo que perturba, e é isso o que me interessa.”
E aquilo que perturba está presente no dia-a-dia das pessoas: “... quer você fale de fantasmas, vampiros ou criminosos de guerra nazistas que moram na nossa rua, estará falando da mesma coisa: a intrusão do extraordinário na vida ordinária e como a enfrentamos.”

JAZ ALICE COLTRANE

Alice Coltrane pianista de jazz, morre na última sexta-feira (12) aos 69 anos. Considerada uma lenda do jazz, viúva do saxofonista John Coltrane, Alice Coltrane fez parte do quarteto de seu marido a partir de 1960. Começou a estudar piano desde os sete anos, recebeu uma educação musical clássica, vindo a estudar jazz em Paris. Na década 1970 se converteu ao hinduismo fato que mudou sua vida e influenciou fortemente sua música. Tocou harpa em bandas de jazz e suas composições são responsáveis por lançar a chamada música New Age.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Salon du Cinéma

Em Paris ocorre o Salão do Cinema. O primeiro do gênero no mundo da sétima arte. Em que consiste esse salão: na verdade, uma grande exposição que parte da idéia que o cinema não se resume apenas ao espetáculo visto nas salas de projeções. Em torno de 50.000 pessoas passarão pelos 8.000 m2 do parque de exposição situado em Porte de Versailles (Hall 6).
O público pode ver e participar de uma extensiva programação que inclui, entre outras coisas, palestras, mostras, projeções, cineclubismo, oficinas, os segredos de fabricação, simplesmente a magia do que ocorre por trás da tela.
No salão, as pessoas podem ver, por exemplo, como Jean-Pierre Lelong realiza efeitos especiais sonoros de um filme de ação, ou Nils Tavernier rodando um curta metragem tendo o público como protagonista. Estão expostas as “story boards” em paralelo com as imagens dos filmes realizados. Ver também as reais proezas circenses de doublés que poupam os riscos dos atores dos filmes ou esbarrar com personagens dos desenhos animados preferidos das crianças; ou, ainda, ver parte do material utilizado por Sofia Coppola em sua recente obra fílmica sobre a rainha Maria Antonieta.
Uma programação que dá vontade de participar.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Sonhos

Un sueño ayuda a marcarte un objetivo.
después, sólo necesitas un esfuerzo para convertirlo en realidad.
Tai Lihua, bailarina do espetáculo My dream.
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Akira Kurosawa
Hoje revi o filme Sonhos(1990), de Akira Kurosawa. um filme que é um recorte poético das fantasias humanas. mas de sua realidade também: um olhar sobre a natureza, o amor, o ntendimento e o desentendimento entre os homens. Kurosawa sempre é preciso, mimético, detalhista, plástico. de seus oito episódios “o jardim dos pessegueiros” é o que mais me impressiona: o irmão mais novo de uma família, ao servir chá para as irmãs, depara com uma moça que foge. seguindo-a percebe ser ela uma boneca e logo vê os pessegueiros da sua casa totalmente cortados, restando somente tocos. os espíritos dos pessegueiros - incorporados num imperador e seus súditos - surgem em uma coreografia melancólica, e dançam para o menino ritmados pela música – inicialmente, sons tradicionais do Japão e no final sons mais contemporâneos, quase ocidentais. as cores do episódio, vermelho, verde, branco e rosa - são alternadas entre os planos da dança e os planos das árvores - e enchem a tela como uma pintura, a florada de um sonho que afeta o menino de alegria e contemplação. e nos emociona também.